Ingredientes:
- 2 Anticiclones (A1 e A2)
- 2 bolsas de ar frio em altura com ligeiro cavamento à superfície (B1 e B2)
- 2 ciclones intensos a norte (C1 e C2)
- Jet conforme setas a preto
- Deslocação dos anticiclones a vermelho
O Anticiclone A1 tem sido o grande responsável pelo tempo seco em Portugal Continental e Madeira, mas não atua sozinho, recorrendo muitas vezes a A2 que juntos levam o jet (ventos em altura para norte) e no intervalo entre ambos deixam passar bolsas de ar frio em altura que constantemente deixam tempo muito instável pelos Açores e, igualmente, na zona de Itália (espaços entre anticiclones).
Posto isto, a partir de 5ª feira (18) o tempo começa a mudar nos Açores com a aproximação de uma frente de moderada a forte atividade e que irá gerar a bolsa de ar frio em altura com cavamento (B1). Com esta depressão está garantida chuva e trovoada nos Açores a partir de 6ª feira (ainda 5ª feira no grupo ocidental com a frente) e, pelo menos, até dia 26!
Ao mesmo tempo, surge B2, vinda do sul de Portugal Continental e cavando na zona da Madeira, com precipitação fraca a moderada a partir de 5ª feira (18) no Arquipélago e a partir do final do dia 19 a sul do continente onde pode ser acompanhada de trovoada (evoluindo de sul para centro no fim de semana) até domingo 21.
Mexe-se na batedeira (ou seja, com a deslocação dos ventos em altura), o Anticiclone A2 vai para sudeste e deixa de fazer parte da equação, permitindo que uma massa de ar frio presente no “bico” da seta a preto desça até à Península Ibérica a partir de 2ª feira.
Aqui a dúvida nº 1! Centra-se no Oceano Atlântico (Imagem 1 abaixo) ou no interior da Península (Imagem 2 abaixo)?
A diferença é significativa, reparemos então!
Caso consiga chegar ao Oceano e centrar-se a oeste da Ibéria, não só deixa muito mais precipitação em Portugal Continental (podendo até interagir com a outra depressão a oeste), como abre caminho a novo mergulho de ar frio com aquela zona a lilás a norte a descer, devido à ida do anticiclone A1 para a Gronelândia. Por outro lado, permite muito mais chuva na Madeira ao longo do tempo!
Caso fique no interior da Península, resulta num nevão significativo em Espanha, será mais seco em Portugal Continente e a própria ação da depressão B1 na Madeira será diminuída por aumento da atividade do anticiclone (reparem que na 2ª imagem temos cores mais vivas a separar os Açores do Continente que no primeiro caso e isso é mesmo retorno do anticiclone).
Reparem na diferença de acumulados de chuva até dia 25 para ambos os casos:
Neste momento, não havendo consenso entre os modelos ainda, a maior probabilidade recai sobre algo semelhante à imagem 1 que é do modelo ECMWF, mas um cenário como a imagem 2, do modelo GEM não está posta de parte.
A certeza número 1 é que, depois de levar ao forno, os Açores terão mais e mais chuva nos próximos tempos;
A certeza número 2 é que a chuva regressa ao centro e sul, pelo menos, no fim de semana;
A certeza 3 é que frio virá por certo, podendo ou não ser acompanhado de chuva (neste momento parece muito provável que sim).
Finalmente, quando chegar ao final do mês e Dezembro entrar, leva-se ao forno a 220ºC, ou seja, tudo indica que o sol regressa para uma estadia prolongada.
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