Na imagem seguinte conseguimos ver o avanço da depressão Hipólito para leste, em direção à Europa Ocidental e, ao mesmo tempo, a injeção de ar frio nos níveis altos da depressão, com considerável “novo” cavamento.
Uma imagem animada valerá certamente mais que mil palavras e, nesse sentido, deixamos abaixo a precipitação acumulada ao longo dos próximos dias em termos do Atlântico Norte, sendo notória a continuação de precipitação na Madeira, Gr. Oriental dos Açores e sobretudo Portugal Continental, que será desta vez o local mais afetado.
O que se trata então e o que poderá originar esta depressão? Tempo severo?
Uma depressão com uma massa de ar subtropical que é alimentada nos níveis altos por ar mais frio torna-se por vezes algo matreira, podendo gerar situações tais como chuva localmente muito forte e persistente, com trovoadas, rajadas intensas e algumas situações passíveis de fenómenos extremos localizados de ventos, tais como tornados, downbusts ou microbursts.
É aqui o que se trata e é uma sinótica muito parecida com a que originou as cheias em Lisboa e noutros locais a 13/14 de dezembro de 2022. É só comparar zonas das depressões e cores, para perceber que o alinhamento é muito semelhante… será igual? Pode não ser! Mas também pode e é provável que origine situações localmente complexas a partir do final da tarde de 16 e o dia 17. É efetivamente, a nosso entender o tempo mais crítico deste evento, quer em termos de chuvas quer em termos de ventos, que poderão ser fortes.
Mas antes, deixamos a comparação entre a média do ensemble do ECMWF para a noite de 16/17 e o dia 13/14 de dezembro…
Mas voltemos ao dia 15, para irmos até à Madeira e aos Açores
A noite de 15 para 16 trará ventos muito fortes ao Arquipélago da Madeira, com rajadas do quadrante sul que podem superar os 80 a 90km/h em vários locais e mesmo com rajadas que nas terras altas podem chegar aos 140km/h (eventualmente alguma pode mesmo passar). Haverá problemas ao nível dos aeroportos até final de dia 17, pelo menos. A somar ao vento, obviamente a chuva vai acumular significativamente nos próximos dias e até dia 19 (com pico de intensidade dia 16, o dia do temporal de vento).
Nos Açores, apesar do pior já ter passado, entre 15 e 16 ainda se fará sentir e bem o vento e a chuva permanecerá, sendo mais significativa nos Gr. Central e Oriental, mas ocorrendo igualmente a Ocidente. Melhorias completas, só no final de dia 17!
E agora o Continente, quais as zonas onde choverá? E que tipo de fenómenos podem ocorrer?
Chover vai chover a norte e centro, até centro-sul até dia 15 e dia 16, principalmente a partir de final da tarde, mudança geral e mais brusca, com aumento da intensidade do vento e da precipitação em todo o território.
O fluxo será de sudoeste e o CAPE (índice de instabilidade) no mar, dado pelo ARPEGE, diz-nos que trovoadas serão prováveis a acompanhar a entrada da precipitação, o que poderá gerar linhas de instabilidade persistentes e localizadas na aproximação da precipitação na noite de 16 para 17 (diria ser mesmo a altura em que se tudo correr bem, sem sobressaltos, tem tudo para ser mais calmo).
Existe além de CAPE, gradientes de ventos intensos que podem induzir circulação mais instável e caótica, com a possibilidade de algum fenómeno mais extremo de vento e/ou precipitação. São essas as imagens que mostram o CAPE e o shear para a noite de 16/17 e é daqui que poderá resultar algo mais extremo. Onde? Toda a faixa litoral pode ter, toda a costa sul do Algarve também… aqui tudo mais em termos de vento forte e precipitação muito intensa, com risco de inundações rápidas em meio urbano… mas ao entrar em terra, não é descabido que se possa formar algo localmente mais intenso em termos de vento igualmente. Poder não significa que se vá formar… tudo isto entre o final de dia 16 e principalmente a tarde de 17!!!
Na prática, em termos de precipitação, foi o que ocorreu em dezembro de 2022 na capital, se se recordam, ou seja, uma linha forte e persistente de precipitação, localizada e que gerou o caos em vários locais… noutros choveu normal… e será o mesmo desta vez possivelmente… não calhará a todos estas situações, caso ocorram!
Repare na precipitação de entrada das linhas na tarde e noite de 16 e durante o dia 17… não podemos falar que será aqui, ali, ou garantir que vai haver algo extremo… mas é possível que ocorra, quer em termos de precipitação quer em termos de ventos/rajadas.
O vento será também ele forte, quer em termos médios (que fará subir a sensação tempestuosa) quer em termos de rajadas, sobretudo entre a tarde de dia 16 e o início de dia 18, com melhoria gradual nesse dia. Deixamos ventos/rajadas para 16 e 17.
Rajadas que podem no litoral soprar em termos máximos perto dos 80 a 90km/h, ou mesmo pontualmente perto dos 100km/h. Nas terras altas, podem passar os 120 a 130km/h, não sendo impossível a ocorrência de algumas rajadas mais elevadas… em termos médios falamos de 60 a 70km/h nos restantes locais, de sul dia 16, rodando para oeste dia 17.
E 5ª feira pode voltar a nevar no topo da Estrela!
É verdade, após o encaminhamento da depressão para leste, a massa de ar frio, fará descer as cotas para perto da altitude da Torre, sendo possível que a neve regresse à Estrela dia 18 de janeiro.
A chuva continuará até dia 20… mais a centro e sul depois… período ao qual se seguirá o anticiclone e o tempo mais estável!
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