Tempestades Tropicais e Furacões são ciclones de características tropicais que tendencialmente curvam para as Caraíbas, Golfo do México, EUA, Bermudas, mas por vezes curvam para a Europa, apanhando muitas vezes a boleia de depressões em latitudes mais elevadas no Atlântico Norte.
O seu mecanismo de formação e rotação é dado pela imagem seguinte:
Vários foram os ciclones tropicais que rondaram águas nacionais nos últimos anos e alguns chegaram mesmo a terra, provocando danos significativos. Naturalmente o mais conhecido é o Furacão Leslie em 2018.
Os Açores têm muito maior propensão à passagem destes elementos, devido à sua posição geográfica mais central do Anticiclone e que por vezes, dependente da posição onde se formam ou para onde evoluem, conduz através de fluxos ascendentes os ciclones para norte, na sua direção.
O Lorenzo, em 2019 é o mais conhecido, por ter sido o furacão mais forte formado a leste e provocou danos significativos nalgumas das ilhas dos Açores.
Um que poucas pessoas se recordam foi o Ophelia, em 2017. Este furacão, também bastante intenso, passou a leste do Gr. Oriental dos Açores e a certa altura os modelos chegaram a apontá-lo a um landfall na zona noroeste da Península Ibérica, situação que foi corrigida dia após dia, tendo o ciclone passado ao largo da nossa costa. Foi de facto ainda pior que se tivesse feito landfall e deixado precipitação na medida em que foi responsável pelo aumento da intensidade do vento e o transporte de uma massa de ar muito quente vinda do norte de África em Outubro de 2017. Esse foi precisamente o período dos grandes e mortíferos incêndios do nosso país!
Muitos outros vaguearam águas nacionais, passaram nos Açores e outros, praticamente dissipados ou em absorção de depressão atlânticas, chegaram até terra na Península Ibérica ou noroeste da Europa. Em 2020, o Theta chegou a aproximar-se da Madeira, por exemplo.
O aumento da temperatura média da água do mar nas zonas tropical e subtropical do Atlântico permite a extensão temporal da época de furacões até mais tarde, entrando em pleno outono climático. No Outono, como é sabido, as correntes de vento do Atlântico Norte começam a conduzir as tempestades para a Europa Ocidental e, à boleia dessas correntes, os Ciclones Tropicais sobem no “mapa” e mais frequentemente chegam à Europa.
A imagem seguinte mostra os ventos em altitude a arrastarem o Leslie para latitudes mais a norte.
Hoje vamos falar de 3 ciclones tropicais que deram que falar em Portugal Continental: O Furacão Vince (2005), o Furacão Leslie (2018) e a Tempestade Subtropical Alpha (2020).
Os 3 ciclones tiveram em comum o facto de se terem dirigido para leste, em direção à Península Ibérica, com o landfall entre Portugal e Espanha. Uns mais fortes que outros mas os 3 são a imagem mais recente de um Atlântico tropical, mais apontando à Europa que nas décadas anteriores.
Furacão Vince (2005)
O Vince foi um verdadeiro caso de estudo em 2005 e um dos eventos mais seguidos pelos apaixonados da meteorologia na altura. Formou-se ao largo da Madeira, em águas nacionais e evoluiu para furacão em águas “frias” ou menos quentes, tendo passado a norte do Arquipélago da Madeira.
Esteve ativo entre 8 e 11 de outubro apenas e como se pode ver nas imagens, passou a rasar o sul de Portugal Continental, tendo chegado a terra em Espanha, na região de Huelva.
Furacão Leslie (2018)
O Leslie não se formou em águas nacionais! Foi um viajante pelas águas do Atlântico. Deu voltas e voltas desde que se formou a 23 de setembro de 2018 e foi a certa altura praticamente dado como “morto”, mas lutou a oeste/sudoeste dos Açores e conseguiu intensificar-se mais a sul, até apanhar a boleia das correntes do Atlântico em direção à Península Ibérica. Mesmo no momento de chegada (a 13 de outubro de 2018), ameaçou entrar mais a sul e foi subindo, subindo e acabou por, em transição extra-tropical, ou seja, num processo de alteração de características do seu núcleo quente por um núcleo mais frio e típico das latitudes mais elevadas, fazer landfall na zona da Figueira da Foz e área envolvente.
Deixou prejuízos elevados, com registos de rajadas de cerca de 200km/h que literalmente levaram “tudo pelo ar”. Não foi assim por ter sido um furacão, mas sim pelo processo explosivo de alteração para uma Tempestade Extra-Tropical.
Sting-Jet ou Picada de Jacto é o nome técnico para o que provocou os ventos fortíssimos na zona centro nesse dia e na imagem seguinte conseguimos ver em animação, a zona da “picada”, onde há uma aceleração dos ventos. Atentem na imagem abaixo:
Tempestade Subtropical Alpha (2020)
A Tempestade Subtropical Alpha é mais um enorme caso de estudo para quem ama a meteorologia. Formou-se dia 18 de setembro de 2020 muito próximo da Costa Continental Portuguesa, altura em que o NHC decidiu nomear o sistema tropical, até pelo seu aspeto. Foi tão rápido que acabou por chegar a terra na região centro (entre Peniche e Nazaré) na noite de dia 18 de setembro, tendo-se registado dois tornados associados à passagem desta tempestade, com uma vítima mortal a lamentar. A dissipação ocorreu a 20 de setembro de 2020.
O vídeo mostra a destruição causada pelos tornados em Beja e Palmela, devido a esta Tempestade Subtropical.
Quer saber um pouco mais sobre ciclones? Veja neste artigo:
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